domingo, 8 de junho de 2008

Artigo interessante

Educação e Tecnologia
Já faz alguns anos que a sociedade vem discutindo a influência da internet no seu dia-a-dia. Hoje muito do que foi discutido no passado podemos ver em prática, principalmente na área dos negócios.A área educacional também tem sido muito influenciada pela internet. Alguns autores afirmam que a internet será responsável por uma grande revolução no sistema de ensino da nossa sociedade e realmente as possibilidades são enormes.A primeira influência da internet no âmbito educacional foi a facilidade de acesso a informações. A internet abriu um novo espaço para realizações de pesquisas e publicação de documentos. O estudante de hoje tem uma fonte de pesquisa que era inexistente na época de seus educadores. Esse fato tem provocado infinitas discussões dentro das instituições. Muitos educadores se defrontam com problemas que nunca haviam enfrentado até então. Atualmente os dois principais problemas são a inexperiência do estudante quanto ao uso da internet e o plágio. Quando falo da inexperiência do estudante refiro-me à realização de pesquisas de documentos e informação. Apesar da aparente facilidade que o jovem tem no uso das novas tecnologias, isso nem sempre significa que o mesmo saiba realizar uma pesquisa eficiente na internet. Primeiro pelo fato da maioria realizar apenas uma pesquisa superficial já que desconhece os métodos para realização de uma pesquisa avançada e, segundo, pela falta de paciência, pois quase sempre uma pesquisa na internet exige tempo e paciência; você deve conhecer a frase da agulha no palheiro, não?Considerar verídica toda e qualquer informação encontrada na internet é outro grande problema e provem novamente da inexperiência dos jovens. Já no caso dos educadores os critérios de avaliação e validação de uma informação são assimilados rapidamente. Em muitos casos o que falta apenas é o domínio técnico da ferramenta e este domínio técnico vem com o próprio uso da ferramenta. Mas por que utilizá-la?Talvez pelo simples fato de que seus alunos o farão, sendo assim, é importante descobrir qual a qualidade e variedade de informação que eles poderão encontrar na internet e caso o resultado apresente fontes interessantes, posteriormente poderá ser utilizado como indicação e fonte para pesquisa.O educador também pode utilizar seu domínio técnico da internet para realizar uma checagem quanto a originalidade dos materiais produzidos pelos estudantes – outro grande problema que parece ter se intensificado com o advento da internet.Parece haver uma grande falha cultural quanto ao uso do material obtido na internet. A era da informação gerou em nossa sociedade uma ansiedade pela informação, porém, para obter informação é necessário coletar dados. E quando estes dados são encontrados após a realização de uma pesquisa eles costumam ser supervalorizados, ganhando mais importância do que o conjunto de informações que resultam na obra final. A era da informação gerou uma supervalorização dos dados acumulados e nem sempre se sabe o que fazer com esses dados. A conseqüência disto é um texto formado pela simples transcrição dos dados coletados, muitas vezes formando um agrupamento de pequenos textos sem qualquer elemento de ligação entre eles. Os dados contidos nestes fragmentos extraídos de outros textos ganham um valor maior do que o conjunto da obra, justamente onde deveria haver o conhecimento gerado no estudante.É preciso corrigir essa falha que não é intencional naquele que produz um trabalho, mas sim fruto da ingenuidade de uma sociedade que supervaloriza a simples informação, deixando de lado a qualidade e originalidade do conhecimento gerado pelo conjunto/associações destas informações.Obviamente há ainda os casos intencionais de plágio, mas estes sempre existiram. O que ocorre é que hoje a facilidade técnica para realização do plágio é muito grande, pois não é mais necessário transcrever um texto já publicado, basta realizar o famoso “copy & paste”. Na internet é possível encontrar diversos sites que oferecem trabalhos escolares de todas as áreas da ciência e de todos os graus de escolaridade. Há também algumas revistas periódicas que encartam em suas edições um cd-rom com dezenas, às vezes centenas de trabalhos escolares prontos, a princípio todos eles destinados apenas para simples consulta. Outro dia encontrei em uma banca de jornal uma revista na qual acompanhava um cd-rom contendo todo o material utilizado em um curso de MBA. Comprei. Realmente não havia qualquer impedimento técnico para evitar o plágio daquele material. Parece que caminhamos para uma era onde as barreiras serão muito mais éticas do que tecnológicas. O que está claro para os estudantes de hoje é que a “rede” é uma vasta fonte de informação, mas a utilização adequada dessa informação não ocorre automaticamente.É preciso desenvolver métodos para acompanhar e assistir o jovem que realiza uma pesquisa na internet, alertando-o para as armadilhas desta era da informação em que vive atualmente nossa sociedade e lembra-lo também de que certas pesquisas podem ter um resultado mais eficiente se realizadas na biblioteca tradicional. Não é mais possível massificar a educação onde o professor é o transmissor único do conhecimento. Esse processo de ensino-aprendizagem já não consegue sobreviver na sociedade de hoje. O professor deve integrar as novas tecnologias de comunicação e novos métodos do ensino-aprendizagem, procurando favorecer a geração de conhecimento dentro de cada aluno, e não simplesmente a transmissão de informações. A internet tirou do professor o papel de fonte única de conhecimento, permitindo que ele possa atuar mais na formação intelectual do estudante, indicando o uso “inteligente” dos dados tão facilmente disponíveis.-------------------------------Éric Eroi Messa é Professor da Faculdade de Comunicação - Publicidade e Propaganda – FACOM/FAAP e do MBA Profissional - Master em Tecnologia Educacional – CECUR/FAAP. É sócio-diretor da High Performance - Marketing Interativo. E-mail: eric.eroi@messa.com.br-------------------------------“Educação e Tecnologia.”, Revista Ensino Superior, São Paulo: Ed. Segmento, ano 5, núm.: 53, pg.: 33, 02/2003.
posted by Eric at 11:39 PM